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Como adquirir conhecimento de forma eficiente

Uma de nossas metas, como seres humanos, é o auto-desenvolvimento. Seja intelectual, espiritual, físico ou financeiro. Esta habilidade, o auto-desenvolvimento, normalmente se desenvolve a partir da necessidade que cada um enxerga em adquirir conhecimento numa determinada área. Assim, ele pode se basear em leitura, em observação, em tentativa e erro, enfim, existe uma infinidade de métodos para o aprendizado. Porém, o balizador de todos eles, aquilo que irá fazer você escolher um método em detrimento a um outro é anecessidade.

O ser humado só se move por necessidade.

Porém, mesmo com a necessidade ou interesse em buscar este aprimoramento, porque algumas pessoas se tornam mestres em determinado assunto enquanto outras “ficam pelo caminho”? Porque algumas pessoas parecem não se esforçar para aprender ou fazer algo?

Quem não tem aquele primo que fala cinco línguas e está aprendendo a sexta (e provavelmente já estará falando no próximo encontro da família)  enquanto você mal sabe o Português? (você não, outro primo…)

Minha preocupação com o tema decorre da minha necessidade pessoal em aprender. Como tempo é um recurso cada vez mais escasso, decorre uma outra necessidade que é aprender rapidamente ou de forma mais eficiente.

Li um livro interessantíssmo sobre o assunto que se chama Practical Thinking and Learning do Andy Hunt (da Pragmatics Programmers).

Descrevo abaixo muito resumidamente alguns pontos que achei interessante do livro.

Baseado num estudo de dois pesquisadores (irmãos Dreyfuss) sobre inteligência artificial e se um computador poderia através de software adquirir novos conhecimentos como um ser humano ou não, estes irmãos tiveram de definir um modelo de como o ser humano adquire conhecimento ou alguma habilidade.

Para tanto, eles criaram cinco categorias a qual determinada pessoa se encontra para uma determinada habilidade (é importante saber que esta categoria varia conforme o tipo de conhecimento para uma mesma pessoa – quem nunca viu aquele músico que é um cara extremamente talentoso no palco e que não consegue nem dirigir um carro?).

São elas:

  1. Iniciante: É aquela pessoa que não tem quase nenhum conhecimento ou experiência sobre um determinado tema. As pessoas nesta categoria não querem aprender, o que elas necessitam neste estágio é de uma receita para fazer as coisas. E mesmo esta receita deve estar completamente sem contexto, isto é, não pode haver ambiguidade ou algo subjetivo como “…em determinados casos, faça isso ou aquilo” pois o cara simplesmente não tem condição de avaliar nenhum contexto para aplicar a receita de forma condicional. Um bom exemplo de trabalho aqui é o de telemarketing. Perceba que é possível contratar pessoas completamente sem experiência para atuar nesta área desde que tenhamos um script bem montado. Perceba também que esta pessoa não está interessada em entender como tal produto funciona, como o processo da venda ocorre, se tal produto é melhor que algum outro, o que ela quer é somente seguir a receita. Se voce tentar fazer ela entender algo mais do que isso, neste estágio, simplesmente estará jogando tempo fora (e a pessoa irá se desinteressar). Um outro excelente exemplo em que a maioria das pessoas são iniciantes: fazer o imposto de renda. Nós desejamos sinceramente que as regras (ou scripts) estejam completamente livres de contexto para podermos nos ver livre de sua elaboração o mais rapidamente possível. Imagine se ao invés do manual ou software viesse um livro sobre a teoria dos Impostos.
  2. Iniciante Avançado: Neste estágio, a pessoa já consegue tentar fazer algo fora do script porém tem muita dificuldade em corrigir algo caso a experiência dê errado. Ela precisa agora de informações de forma rápida, isto é, ela já consegue caminhar sem scripts, porém continua a ter como objetivo principal a realização de algo. Assim, continua não interessada em teorias, outras experiências ou livros sobre o assunto e sim pelo que o Google pode ajudá-la naquela tarefa. Esta pessoa seria aquele programador que lê rapidamente uma informação de como utilizar determinadas funções, as coloca em determinada ordem e fim de papo. Conseguiu o que queria? OK, fim da tarefa. Nada de “big pictures”.
  3. Competente: Aqui, a pessoa consegue desenvolver modelos conceituais sobre o assunto e se baseia neles e em sua experiência para resolver problemas, Ele já tenta resolver problemas novos que apareçam baseados em sua própria experiência ou na experiência de terceiros. É um resolvedor de problemas. Tem iniciativa e são ótimos na equipe pois conseguem ensinar os iniciantes e não ficam aborrecendo os mais experientes. O ponto principal que os separa dos níveis mais avançados de conhecimento é a sua falta de conhecimento sobre si próprio e sobre como se corrigir. Elas, infelizmente, não sabem que não sabem e, por experimentar pela primeira vez a liberdade de caminhar pelas suas próprias pernas, acham que já fizeram suficiente progresso – inclusive baseados em feed-back de seus pares – para serem considerados pontos de referência.
  4. Proficiente: Pessoas proficientes precisam conhecer todo o contexto. Eles procuram entender tudo em volta de deteminado assunto e se sentem muito frustrados quando se deparam com simplificações. Elas conseguem finalmente corrigir seus erros de forma consistente refazendo os passos para tentar refazê-los de forma mais eficiente da próxima vez. Elas conseguem aprender com experiências de outras pessoas. E baseados nestas experiências, conseguem elaborar regras contextualizadas, isto é, que se aplicam conforme o julgamento de quem as segue. Por exemplo, quando um iniciante ou mesmo um iniciante avançado, começa a tocar algum instrumento, é natural vê-los tocar as escalas para cima e para baixo -algo extremamente enfadonho para quem ouve – pois os mesmos seguem os scripts: para tal acorde, utilize tal escala. Uma pessoa proficiente consegue utilizar a mesma escala criando frases melódicas e coerentes para o momento da música pois criou regras contextualizadas (para tal sequencia de acordes, esta sequencia de notas soa melhor) baseadas em experiências próprias, de terceiros e em seus próprios erros lapidando as mesmas. Estamos aqui falando muito mais de um mestre-junior do que num competente-avançado.
  5. Mestre: A grande diferença do mestre para os demais é a sua vasta experiência e conhecimento sobre determinado assunto. Ele é a fonte de conhecimento para os demais pois realiza de forma eficiente o binômio feedback/correção e aplica suas regras contextualizadas (já em grande número) sem nenhum esforço. É a pessoa que escreve os livros que lemos. Ele, a partir de um certo ponto, começa a trabalhar com a intuição pois suas regras já estão tão arraigadas dentro de si que não pensa mais sobre como ou quando aplicá-las. Por exemplo, todos nós sabemos andar. Isso é uma coisa tãoarraigada, isto é, somos tão competentes nisso,  que não pensamos mais em como andar. Note que, mesmo se surgir algum obstáculo inadvertidamente, a maioria das pessoas conseguiria continuar andando pois já se deparou com algo parecido em alguma experiência anterior. Outra característica do mestre é que, muitas vezes, (assim como no andar) é uma tarefa mais complicada para ele explicar o que está fazendo do que fazer pois agem através da intuição.

E aí, será que existe algum método para eu me tornar um mestre em fazer sushi? Ou em aprender inglês?

Sim, porém temos um problemão pela frente: saber em que estágio estamos.

Infelizmente, a grande maioria das pessoas se julga num estágio mais avançado do que realmente está. Isso se chama ignorância de segunda ordem. Isto é: ela não sabe o tamanho de seu conhecimento. Charles Darwin certa vez disse:

Frequentemente, é a ignorância a causadora da auto-confiança e não o conhecimento.

Estudos apontam que a maioria das pessoas estão nos dois primeiros estágios de conhecimento (embora acreditem estar em estágios mais avançados), ou seja, conseguem realizar suas tarefas, aprendem novas tarefas a medida que aparecem e quase nunca tentam adquirir um conhecimento mais amplo sobre estes assuntos.

E então, como chegar lá?

Muito resumidamente e para encurtar o assunto (já que somos iniciantes avançados e não queremos nada mais do que receitas…): além de saber nossa posição, devemos praticar. Isso mesmo, não basta simplesmente conhecer teóricamente determinado assunto e sim prática.

E não é qualquer prática. Existem quatro condições para maximizar a eficiência desta prática:

  • Ter uma tarefa bem definida (por exemplo, aprender a como utilizar a escala country numa sequencia de blues para obter pelo menos dois padrões ou licks novos). Note que você tem de detalhar não só a tarefa como o objetivo. Se eu tivesse simplesmente escrito: “aprender a como utilizar a escala country numa sequencia de blues” não teria um objetivo pois poderia aprender a tocar de cima para baixo a escala e este não seria o objetivo pois o que eu desejo é utilizar a escala para algum fim. Além disso, definindo o número de licks dá um ponto final para esta tarefa.
  • A tarefa precisa ser de razoável dificuldade: deve ser difícil porém realizável. Se eu nunca peguei numa guitarra, talvez esta tarefa pudesse ser alterada para: como tocar uma progressão de blues.
  • O ambiente precisa me dar feedback sobre o meu andamento. O ambiente, no caso, é um termo genérico de acordo com o objetivo. No exemplo, o ambiente poderia ser a banda ou pessoas próximas, professores, que entendessem da tarefa para poder avaliá-la. As vezes, dependendo do grau de auto-conhecimento pode ser a própria pessoa – lembrando de que nem sempre somos uma boa referência para julgamentos.
  • Repetição: É necessário repetição, muita repetição para que a experiência possa ser internalizada e principalmente seus efeitos sejam duradouros. No exemplo, não bastaria eu conseguir estes padrões de solos e sim conseguir tocá-los a qualquer momento que eu julgasse necessário. Assim, o conhecimento, para ser útil, deve ser facilmente aplicável por quem se julga seu detentor.

Agora, o mais interessante para mim de tudo isso foi que isso pode ser aplicável não só para nós mesmos (para mudarmos de escala de conhecimento) como também para nossos pares, funcionários, etc quando nósestamos precisando transmitir determinado conhecimento para eles.

Quem nunca se deparou com aquela situação em que aquele colega chega perguntando sobre algum assunto que conhecemos bem e nós descarregamos o cérebro em cima dele? Pois bem, sabendo da posição em que cada um está posicionado, podemos orientar melhor a outra pessoa pois conhecemos – independente dela dizer isso ou não – o grau de detalhe necessário e podemos ser mais eficientes nesta comunicação.

 

Fonte: Pragmatic Thinking and Learning: Refactor Your “Wetware” Andy Hunt, The Pragmatic Programmer, 2008.

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